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Lesão do Manguito Rotador no Tenista

O jogador de tênis está suscetível a lesões do membro superior por colocar principalmente o ombro e o cotovelo a esforços repetitivos e sob demanda supra fisiológica. O ombro, especificamente, é sobrecarregado nos movimentos acima da linha do mesmo e da cabeça, os chamados movimentos OVERHEAD, a exemplo do SMASH e do saque. A lesão mais comum do ombro, no esforço de repetição, chama-se lesão do ombro do arremessador, que consiste na lesão do manguito rotador (LMR) por micro traumas de repetição e de overuse.

 

A lesão do ombro acontece em 4 a 17% dos jogadores, sendo as lesões mais comum a lesão crônica do manguito rotador, a bursite subacromial, a contratura da cápsula articular posterior, a lesão do labrum (seja na saída do cabo longo do bíceps - SLAP ou em outra parte) e a discinesia escapular (o movimento anômalo da escápula).

 

Acredita-se que a LMR  seja pouco identificada. Trabalhos científicos descrevem a LMR como achado no exame de ressonância do ombro dominante de tenistas mesmo assintomáticos. Acredita-se que a lesão ocorra de forma crônica, pelo esforço repetitivo acima da linha do ombro, por acomodação ao extremo do movimento e repetição. Raramente ela é completa nos tenistas abaixo de 35 anos, sendo mais incidente a partir dos cinquenta. Diferentemente do paciente não atleta, no tenista, a lesão do manguito acontece principalmente na região superior e posterior do ombro, lesando o tendão do supraespinhal (elevador do ombro) e a parte superior do infra espinhal (rotador externo) na parte articular ou intrasubstancial. Esta lesão chamada PASTA ocorre no preparo para o arremesso do saque, quando o ombro se encontra em abdução com rotação externa máxima (aquele movimento com a raquete atrás do tronco e da cabeça para começar o arremesso). Nesta posição, a cabeça umeral impacta contra o acrômio (parte da escápula) causando microtraumas de repetição. E, na fase de desaceleração do movimento, após impacto da raquete com a  bola, os músculos sofrem uma contração excêntrica que pode causar lesão. 

 

Um segundo mecanismo acontece durante o desenvolvimento do movimento do saque, o atleta aumenta a rotação externa e ABDUÇÃO do ombro, o que leva ao encurtamento da cápsula articular POSTERIOR. Esta lesão se chama GIRD glenoumeral e diminui a amplitude de rotação interna do ombro.

 

A discinesia da escápula é outra lesão que acontece durante a fase final de preparo e começo da aceleração do saque enquanto o úmero está completamente abduzido em sua máxima posição em rodar externa a escápula. A escápula tem uma função importantíssima de manter a congruência articular do ombro nesta posição extrema com isto qualquer desequilíbrio ou fraqueza muscular auxilia no desencadear de lesão. No exame físico, o tenista apresentará um mal posicionamento da escápula com proeminência do bordo inferior da mesma e dor no processo coracóide, parte anterior da escápula.

 

Portanto acredita-se que a patologia do manguito rotador seja multifatorial no tenista e funcione de forma diferente tanto de causa como tratamento do que no paciente não tenista. 

     

Pensando na cadeia muscular completa, durante o jogo do tênis, a força gerada se inicia nos pés e, sobe pelas pernas,  joelhos, core do abdômen, tronco, ombro, cotovelo e mão até enfim  atingir a raquete. Assim, a técnica errada, a fadiga ou outro fator que altere esta eficiência de transmissão de energia pode levar à lesão. 

 

TIPOS DE SAQUE

     

Os jogadores de tênis tem três tipos de saque: chapado, top spin e slice. Estudos de biomecânica e análise do movimento mostram que o saque Top Spin é o que mais força e o slice, o que menos gera força e torque no ombro. Portanto, o atleta em reabilitação ou em retorno pós-cirúrgico deve assumir o saque slice primeiramente para, então progredir para o Top Spin numa fase mais tardia de reabilitação.Durante um jogo com 3 sets, a média de saque realizado por jogador é de 120 movimentos. 

     

Trabalhos mostram que após 3 horas de jogo a cápsula posterior encurta e diminui a rotação interna do ombro. Essa diminuição de movimento aguda predispõe à lesão do ombro.  O estudo interessante de White et al,  reportou que a rotação superior da escápula diminuiu ao longo do jogo com a fadiga e só voltou ao normal após 24 horas de repouso.

     

A mudança das raquetes de madeira para materiais mais leves, além de permitir um jogo mais rápido e com mais spin, aumentou a transmissão de torque ao ombro e ao cotovelo.

     

Quanto às quadras, os trabalhos não conseguiram comprovar a teoria de que a quadra rápida, devido a maior velocidade de jogo, leve a maior sobrecarga das articulações dos membros superiores.

     

Com isto, vale salientar que jogadores devem ser estimulados a alongar após os jogos e a respeitar o intervalo de repouso entre eles.

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